terça-feira, 22 de setembro de 2015

Heternormatividade

A  Heteronormatividade Nossa de Cada Dia

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Nascemos e crescemos permeados por valores e socializações heterossexuais, nossa genitália define nosso gênero, orientação sexual, afinidades, preferências, estilos, etc., não é dada opção de discordância, mudança ou alternativas.
Indivíduos identificados como do sexo feminino ao nascer terão impositivamente de usar rosa e brincar de boneca, em oposição aqueles do sexo masculino que usarão azul, terão como brinquedos os carros, bolas, brincarão de luta ou outras atividades tidas como menos delicadas, assim, as situações são estabelecidas e assim, tem que ser seguido. No entanto as pessoas são muito mais complexas e diversas, de tal forma que esses valores heteronormativos não conseguem abarcá-las em sua complexidade. Meninos podem brincar de boneca e gostar de rosa, sem isso querer dizer que ele é ou será homossexual na vida adulta, mulheres podem preferir as bolas, a luta, carros e azul e isso não precisa necessariamente ter relação com as pessoas com as quais elas se relacionará: homens ou mulheres.
A definição de nossa sexualidade é permeada por uma série de fatores biológicos e socioculturais de uma maneira tão complexa e intrincada que ainda hoje é uma incógnita para psicólogos, médicos, biólogos e demais estudiosos do tema o momento em que alguém desenvolve a orientação sexual ou mesmo se ela é algo genético e portanto nasceria no instante em que nasce o individuo ou não.
Cada ser humano deveria ter o direito a liberdade de crescer distante dos determinismos e imposições que a sociedade ao longo de sua história instituiu como valores universais e imutáveis, entre eles a própria sexualidade e a identidade de gênero que deveriam ser elementos extremamente individuais e particulares dentro daquilo que constitui o humano, afinal de contas não cabe a ninguém opinar ou decidir a forma como cada um deve amar, se relacionar e se expressar no que diz respeito a sexualidade e ao gênero.
O resultado da crença cega em se condicionar o gênero de um indivíduo com base apenas em uma parte do corpo, a genitália, pode significar reduzir e asfixiar a expressão daquele, muito mais ampla que o pênis e a vagina, envolvendo questões bem mais profundas e complexas. É preciso entender que o gênero não é dado ou nato, se trata antes, de uma construção social transmitido na forma de valores, costumes, cultura, etc., portanto, esperar que o comportamento masculino ou feminino seja natural e estritamente ligado a uma parte do corpo é um problema. A constatação de que uma parte considerável das pessoas que nascem com vagina se identificam como sendo do sexo feminino, e as que nascem com pênis, por sua vez, se identificam como sendo do sexo masculino, não pode implicar em uma generalização absurda e errônea, pois sufoca uma série de pessoas que não estão abarcadas por esta maioria, mas devem ter assegurados os mesmos direitos e dignidade.
Os transgêneros existem, assim, como os transexuais e os não-binários  e não podem ter sua existência obscurecida ou asfixiada pelo preconceito, desconhecimento e ignorância. Precisam antes de mais nada ter assegurado o direito de expressar sua identidade da forma como se identificam, seja na forma da lei ou no convívio em sociedade, mas para isso uma mudança brusca e urgente na forma como as pessoas, em geral, encaram a sexualidade e o gênero  precisa ser realizada.
Não é pequeno o número de indivíduos que se veem em situações de profunda confusão ao não conseguir se encaixar nos padrões estabelecidos como "normais", o que gera margem para estas pessoas acreditarem portar algum tipo de problema ou desvio negativo, o resultado desse caminho em alguns casos é a negação da própria individualidade, negação motivada pelo medo ao preconceito, a exclusão, a reação da sociedade, etc.
É mais do que hora de abrirmos a mente e o pensamento, entender que a realidade é bem maior que o nosso quadrado e as formas de expressar aspectos individuais de nossa personalidade, devem ser individuais, nunca impostos pela sociedade representada na figura de quem quer que seja.

Referência
http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/nao-binarios-publicam-selfies-nas-redes-para-mostrar-que-significa-essa-identidade-de-genero-14383736

2 comentários:

  1. Essa é uma questão bem complexa! Eu mesmo, que me considero uma pessoa razoavelmente esclarecida e que tenho acesso a grupos de militância, ainda não consegui chegar a uma posição clara...

    A principio para mim, bastaria que todos se respeitassem... mas sei que as coisas não são tão simples assim e dai a discussão cresce exponencialmente para vários lados e tópicos...

    Muito legal o texto!

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  2. Pois é, se vivêssemos em uma sociedade em que as pessoas fossem respeitadas em suas questões, não haveria por que discutir preconceito, racismo, homofobia, machismo, exatamente por isso a militância é necessária, porque as pessoas, falando especificamente dos LGBT's, ainda são violentadas física ou psicologicamente e assassinadas de todas as formas possíveis.
    Ainda precisaremos gritar muito para termos direitos básicos e plenos garantidos, mas claro que há também uma luta no interior do movimento que está bem longe de ser coeso e unido, já entrando em outra pauta.
    Obrigado pela visita, e continue comntando.
    Abraços!

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